O ex-presidente e ex-senador Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira (25), em sua residência em Maceió (AL). A ordem foi expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o ministro Alexandre de Moraes rejeitar os recursos apresentados pela defesa de Collor, confirmando sua condenação a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A prisão marca o desfecho de um dos capítulos da Operação Lava Jato, que também implicou os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos. Segundo as investigações, ambos atuavam próximos ao ex-parlamentar: Amorim gerenciava empresas ligadas a Collor, enquanto Leoni Ramos operava como seu intermediário.
As denúncias apontam o pagamento de propinas para favorecer contratos entre a BR Distribuidora e a UTC Engenharia, com o objetivo de viabilizar obras de infraestrutura para distribuição de combustíveis.
Após o cumprimento do mandado de prisão, a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal foi acionada para emitir o atestado de pena a ser cumprida.
Quem é Fernando Collor? Da ascensão meteórica à condenação judicial
Fernando Afonso Collor de Mello nasceu no Rio de Janeiro em 1949, mas construiu sua carreira política em Alagoas, estado de origem de sua família. Filho do ex-senador Arnon de Mello, ele se destacou na política desde jovem, ocupando os cargos de prefeito de Maceió, deputado federal e governador de Alagoas.
No final da década de 1980, ganhou notoriedade nacional ao se posicionar contra altos salários no funcionalismo público, o que lhe rendeu o apelido de “caçador de marajás”. Essa imagem impulsionou sua candidatura à Presidência da República, vencendo Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições de 1989 — a primeira eleição direta após a ditadura militar.
O governo marcado pelo Plano Collor e escândalos de corrupção
Logo após tomar posse, Collor lançou o Plano Collor, conduzido pela então ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello. Entre as medidas, o plano determinava o bloqueio de grande parte da poupança dos brasileiros como estratégia para conter a inflação. A medida, altamente impopular, abalou sua aprovação popular já nos primeiros meses de governo.
Em seguida, o governo foi sacudido por graves denúncias de corrupção. O irmão de Collor, Pedro Collor, revelou que o tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, administrava uma conta clandestina usada para pagar despesas pessoais do presidente. As revelações deram origem a uma CPI e, posteriormente, a um processo de impeachment.
Diante da iminente cassação, Collor renunciou ao cargo em 1992. A cena de sua saída do Palácio do Planalto, caminhando ao lado da então primeira-dama Rosane Collor, entrou para a história.
Retorno à política e nova queda
Após um período afastado, Fernando Collor retornou à política nos anos 2000. Em 2002, tentou, sem sucesso, se eleger governador de Alagoas. Em 2006, venceu as eleições para o Senado e ocupou o cargo por dois mandatos consecutivos, totalizando 16 anos como senador.
Durante esse período, voltou a se envolver em escândalos, incluindo o que resultou em sua condenação pelo STF. Sua última tentativa de se reeleger ao governo de Alagoas em 2022 também terminou em derrota, encerrando momentaneamente sua trajetória política.