O recente pacote de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desencadeou uma onda de volatilidade nos mercados financeiros internacionais. Desde o dia 2 de abril, quando foi revelada a imposição de tarifas variando entre 10% e 50% sobre produtos importados de mais de 180 países, os investidores passaram a reagir com forte cautela, gerando movimentos bruscos nas bolsas e nos principais ativos financeiros.
Investidores reagem com temor à guerra comercial
A expectativa negativa gira em torno de um possível encarecimento de produtos importados, o que pode pressionar a inflação americana e impactar o consumo interno. Esse cenário levanta preocupações sobre uma desaceleração econômica nos Estados Unidos, com efeitos em cadeia que podem culminar em uma recessão global.
“A instabilidade nas relações comerciais aumenta a aversão ao risco, fazendo com que os investidores abandonem ativos voláteis em busca de refúgios seguros”, explica Vitor Miziara, analista financeiro.
Queda nas bolsas e alta no ouro: o novo cenário do mercado
Desde o anúncio das tarifas, o desempenho dos mercados tem sido desigual. Ativos como ações, criptomoedas e petróleo enfrentaram quedas acentuadas, enquanto o ouro — tradicional reserva de valor em tempos de incerteza — registrou valorização. O dólar também oscilou, ganhando força frente a moedas emergentes, como o real, mas enfraquecendo em relação a divisas de países desenvolvidos. Já os rendimentos dos títulos públicos dos EUA subiram.
Veja os principais impactos do tarifaço nos mercados:
📉 Bolsas de valores globais
As bolsas mundiais sofreram perdas expressivas após a divulgação das tarifas. A situação se agravou com o anúncio de retaliações por parte da China, intensificando os temores de uma guerra comercial prolongada.
No entanto, uma tentativa de aliviar o impacto veio dias depois, em 9 de abril, quando Trump reduziu parte das tarifas para 10% — com exceção da China. Essa medida gerou uma breve recuperação, embora não tenha sido suficiente para apagar as perdas acumuladas.
Desempenho por região:
EUA:
Dow Jones: -4,76%
S&P 500: -5,50%
Nasdaq: -5,10% (apesar da forte recuperação após a redução tarifária)
Europa:
Euro Stoxx 50: -9,52%
Ásia:
CSI 1000 (China): -6,61%
Hang Seng (Hong Kong): -9,86%
Nikkei 225 (Japão): -5,99%
Kospi (Coreia do Sul): -2,91%
Brasil:
Ibovespa: -2,67%
A bolsa brasileira resistiu inicialmente, pois o país recebeu uma tarifa mais branda, mas acabou acompanhando a tendência de queda global no dia seguinte.
💱 Dólar: valorização seletiva
Embora tenha ganhado força frente a moedas emergentes, o dólar perdeu valor em relação a moedas fortes como o euro e o iene. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas desenvolvidas, caiu 3,75% desde o início do tarifaço.
“O movimento dos investidores é de diversificação. Muitos preferem ativos fora dos EUA, que é justamente o epicentro da instabilidade atual”, afirma Luan Aral, especialista da Genial Investimentos.
O tarifaço ainda promete desdobramentos
Mesmo com a redução parcial das tarifas, os mercados continuam em estado de alerta. O receio de uma escalada na guerra comercial entre EUA e China e os possíveis impactos sobre a economia global mantêm os investidores atentos e cautelosos.